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Helena Bordon

Colunistas

Luxo e exclusividade sempre caminharam juntos, mas ultimamente essa relação anda um pouco abalada pela velocidade com que a informação caminha. Ainda são poucos os que podem pagar por ícones de luxo como uma mala Luis-Vuitton, uma Ferrari ou uma diária no Hotel Plaza-Athenée de Paris. No entanto, são muitos os consumidores que sabem o que essas marcas significam. Com o vinho acontece um fenômeno semelhante. Rótulos caríssimos como o  champanhes Cristal (R$ 1.900,00), o bordeaux Chãteau Petrus (R$ 30 mil, safra 2000) ou o borgonha Domaine de la Romanée-Conti (R$ 27 mil, safra 2008) se tornaram estrelas e são conhecidos por um público bem maior do que aquele que tem poder aquisitivo (ou conhecimento) para desfrutar da complexidade de seus aromas.O mundo do vinho, contudo, à diferença de outros mercados, ainda esconde vários segredos, luxos pelos quais muitas vezes não basta pagar caro. É  preciso saber o caminho das pedras para chegar até eles. A seguir, cinco coisas que são um luxo para quem realmente gosta de vinho:

1 – Beber uma safra muito antiga

Vinho quanto mais velho melhor, certo? Errado. Isso não é verdade para a maioria dos vinhos. Só grandes vinhos envelhecem bem. Esses, sim, se tornam excepcionais com o passar dos anos. Tomá-los quando muito velhos é um luxo para poucos. Primeiro, porque não se encontra muito vinho velho no mercado. Segundo, porque na maioria das vezes quando há um vinho velho a venda, ele é caro. O vinho do Porto é um dos vinhos que envelhecem melhor. Podem durar séculos. A Graham’s está lançando no mercado europeu o Ne Oublie, um Porto de 1882, o que foi elaborado pelo escocês Andrew James Symington, bisavô dos atuais proprietários, quando ele chegou a Portugal para trabalhar para a W. & J. Graham´s. Quem provou diz que o vinho não tem igual em termos de diversidade e elegância de aromas. Custa 5.500 euros em Portugal. Outros vinhos fortificados, como os Madeira ou os Jerez, também envelhecem com graciosidade, porque têm alto teor de álcool e de açúcar, dois potentes conservantes. O vinho mais velho que já bebi foi um Madeira 1930 da casta boal. Foi em restaurante aparentemente simples, mas com uma adega maravilhosa, em uma estradinha estreita no alta da Ilha da Madeira. O proprietário havia arrematado uma reserva familiar, de um vinho que tinha sido encontrado nas paredes de uma casa durante a sua reforma. Estava perfeito. Apesar dos 80 anos de idade, ainda tinha acidez e aromas frutados. Há tintos e brancos não fortificados que também podem ser bebidos com décadas de existência. Em 2006, tomei um Château le Puy 1955 que, apesar  de já ter toques de oxidação e aromas evoluídos, ou  justamente por causa disso, estava uma delícia. Esse vinho não tem preço, porque está à venda. Tomei numa degustação da World Wine com o produtor. Nem tudo, porém, está perdido para quem quer provar um vinho já bem velho. É possível encontrar alguns rótulos antigos no mercado. Portugal tem ainda um bom estoque de vinhos velhos, alguns deles chegam até aqui. Por R$ 457, você encontra no Brasil, por exemplo, um Caves São João 1970 (Vinci), um vinho excepcional da Bairrada. Bem mais baratos, os vinhos brasileiros dos anos 90, por incrível que pareça, também estão mostrando que envelhecem super bem. Não há muitos para comprar por aí. Mas, se você for à Serra Gaúcha pode conseguir uma garrafa ou outra com produtores como a Dal Pizzol ou a Don Laurindo. O preço vai variar, mas não é muito alto.

2 – Experimentar safras excepcionais

Você talvez ache balela essa história de que as condições climáticas durante o ano influenciam muito nas características de  cada safra. Talvez não acredite que, de um ano para outro, um mesmo vinho mude muito. Mas muda tanto que os preços também são bem diferentes. As chamadas safras históricas, aquelas em que tudo deu certo, em que o vinho saiu perfeito, são um luxo para poucos. As garrafas dessas safras custam muito mais caro que as outras, especialmente quando se trata de vinhos já super valorizados como um Château Petrus ou um Château Latour. A previsão é que, em um leilão que acontece em Chicago nesta semana, o Petrus 1982 deva atingir o lance de U$ 60 mil (caixa com 12 garrafas) e o Latour 1961, U$ 24 mil (lote com 7 garrafas). Lembre-se que isso é o preço sem os impostos que a gente paga aqui no Brasil. Tanto 1961 quanto 1982 foram safras extraordinárias na França. Petrus, eu nunca tomei na vida. Mas, do Latour, já tomei essas duas safras e  realmente elas se destacam. Outras safras que renderam grandes vinhos no mundo todo foram 2005 e 2009.

3- Sentir o gosto da ousadia

Num universo em que tudo está cada vez mais parecido, encontrar um produtor que faça tudo diferente é um luxo. Entre quem entende de vinhos, por exemplo, os champanhes da Jacques Selosse têm tanto ou mais prestígio que um Cristal ou um Dom Perignon. Anselme Selosse, o atual proprietário, é tido como um dos maiores revolucionários do mundo do vinho. Até hoje, para a maior parte dos produtores de Champagne o que importa é o blend de uvas de vários vinhedos espalhados pela região. Para Anselme, o que importa é principalmente expressar o terroir. Nessa pequena vinícola, toda a uva usada vem de vinhedos próprios, todos os vinhedos são grands crus e o cultivo é biodinãmico. Na vinificação, ele também inova: a fermentação é feita em barris de madeira e, não, em grandes tanques de aço, como é costume em Champagne; usa leveduras selvagens e quase nenhum conservante e alguns de seus rótulos seguem um sistema de soleras, como em Jerez, no qual vinhos mais antigos vão sendo misturados com vinhos mais novos e ambos amadurecem juntos.  O resultado é incrível. O Substance Jacques Selosse custa R$ 1.720 (World Wine). Ousadia não é privilégio dos franceses. Coragem para romper com regras do “bom senso” é o que não falta, por exemplo, à dupla de enólogos Alejandro Cardozo e Irineo Dall’Agnol, sócios da vinícola gaúcha Estrelas do Brasil. Seus espumantes também fogem completamente da média. A começar pelo fato de que eles vendem espumantes velhos quando a maior partte dos produtores nacionais primam pela jovialidade do produto. O Estrelas do Brasil Nature Rosé, por exemplo, que está no mercado é da safra de 2007. Com 7 anos de idade, esse espumante, que passou 5 sobre as leveduras, tem corpo e estrutura aromática para aguentar ainda uns bons anos de guarda, mas já se notam aromas pouco comuns em espumantes como o animal. Custa R$ 80, no site da empresa. 4- Reconhecer um bom vinho seja ele francês, italiano ou nacional

Tem gente que considera chique dizer que só toma grandes bordeaux, que argentinos e chilenos são fracos e que não suporta vinho nacional. Chique, de verdade, é ser uma pessoa com a mente aberta às mudanças do mundo. E elas foram muitas na área da vitivinicultura. Hoje está se fazendo vinho bom em lugares nunca antes imaginados. Um dos mais exclusivos do Brasil, o Botanique Hotel & Spa, comandado por Fernanda Ralston Semler, celebra o conceito de pós-luxo e enfatiza a sofisticação baseada na brasilidade. Os móveis são de designers brasileiros, as obras-de-arte são brasileiras e os vinhos servidos no restaurante Mina são nacionais. “Fazer uma Carta de Vinhos com grandes e caros rótulos é relativamente fácil e define o luxo, mas nossa missão é trazer vinhos que não fazem parte do circuito comercial, portanto muito mais difíceis de serem encontrados”, diz o sommelier Francisco Lima. “Queríamos vinhos que fossem ‘experiências engarrafadas’. Vinhos autênticos, que não tentassem imitar o estilo de Chile/Argentina, que faz tanto sucesso em nosso mercado, mas vinhos que representassem a jovem e dinâmica viticultura brasileira”.

5- Descobrir terroirs e uvas fora do comum

Um dos maiores luxos, que não obrigatoriamente custa caro, é descobrir regiões, castas e estilos de vinhos menos comuns. Dos anos 80 para cá, houve uma globalização das técnicas de produção dos vinhos. Essa transferência de tecnologia fez com que a qualidade média dos vinhos subisse muito, mas teve um efeito negativo na diversidade da produção. Muitas uvas locais, assim como formas tradicionais de plantá-las, estão sendo perdidas. A uva bastardo, por exemplo, está quase extinta na região de Lisboa. Horácio Simões produz um bastardo fortificado delicioso (Adega Alentejana, R$ 235). O mundo globalizado consome vinhos feitos de Cabernet Sauvignon, Malbec, Chardonnay e mais meia duzia de uvas francesas, italianas e espanholas. Limitar-se a isso é perder 99% do prazer que o mundo do vinho poderia proporcionar. Um dos melhores vinhos brancos que tomei na vida vem de um micro-produtor da ilha de Santorini: o Hatzidakis Santorini Assyrtiko, um vinho que não tem importação para o Brasil, mas que é altamente elogiado pela crítica inglesa Jancis Robinson. Mas você pode experimentar os poucos assyrtikos que existem no mercado brasileiros, que eles também são muito bons. Em Mallorca, na Espanha, boa parte dos produtores locais estão convertendo seus vinhedos, derrubando castas autóctones e plantando castas francesas. Não a vinícola Ànima Negra. Eles resgataram a casta Callet e criaram vinho que se tornaram objeto de desejo de enófilos mundo á fora. O ÀN 2010, um vinho robusto mas muito elegante, levou 93 pontos de Robert Parker. Custa R$ 288 (Mistral).

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2 comentários

  1. Avatar

    Voce tem dicas de vinhos brancos? Poredira sugerir vinho com bom custo-benefício em bares e restaurantes em São Paulo e Rio. O que acha?

    Comentário by ronaldo on 05/11/2014 at 16:06

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